"As terríveis conseqüências do pensamento negativo são percebidas muito tarde." Paulo Freire

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Professora da Unicamp analisa concentração bancária na América Latina

(São Paulo) O intenso processo de concentração no sistema financeiro mundial, em especial na América Latina, foi o tema da apresentação da professora Maria Alejandra Caporale Madi, da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. A palestra fez parte da mesa temática "Conjuntura Internacional e o Sistema Financeiro", que ocorreu nesta manhã do dia 22 como parte da 3ª Reunião Conjunta das Redes Sindicais de Bancos Internacionais.

A professora chamou a atenção para a impressionante movimentação de capitais a partir de 2006, na forma de compra e venda de patrimônio. Segundo ela, grandes “players” globais e regionais intensificaram um processo de aquisição de outras instituições, ampliando fortemente a concentração do setor financeiro. Os bancos brasileiros aparecem como compradores regionais, mas há outros, com destaque para a atuação cada vez mais intensa de bancos canadenses. Uma outra novidade nesse processo é o papel dos Estados, que participam do processo de concentração por meio dos bancos públicos, que passam a comprar outras instituições.

Nesse sentido, Alejandra vê um crescimento expressivo da participação de Citigroup e HSBC na América Latina, um aumento mais moderado da presença do BBVA e uma reorganização do espanhol Santander, que sai de alguns países e intensifica sua presença em outros.

Um outro fator que deverá intensificar ainda mais esse processo, segundo Alejandra, são os acordos da Basiléia II, que pretendem reorganizar as regras do sistema financeiro internacional. "Os acordos deixam claro que as assimetrias fazem parte do projeto neoliberal", disse a professora. Ela explica que os bancos têm encontrado dificuldades em cumprir as cláusulas que pedem ampliação do capital. "Os grandes bancos têm mais facilidade para conseguir recursos. As empresas menores terão mais dificuldades e isso acabara aumentando a concentração", avaliou.

A América Latina tem uma boa situação hoje, pois nunca possuiu tantas reservas acumuladas. Por isso mesmo foi menos atingida pela recente crise financeira internacional. Mesmo assim, os impactos dessa crise foram sentidos, na forma de perdas para bancos internacionais como JP Morgan e HSBC. "Mas é importante avaliar o impacto dessa concentração de mercados e renda numa região em que 44% das pessoas estão abaixo da linha da pobreza", avaliou a professora.

Fonte: Contraf-CUT
Disponível em <
http://www.contrafcut.org.br>

A importância dos Bancos Públicos Federais

O papel dos Bancos Públicos está baseado no fomento ao desenvolvimento econômico e social brasileiro, com oferta de crédito e serviços em melhores condições e atender a um amplo público em todas as regiões do país.
Não raras são as regiões em que apenas os bancos públicos, dadas essas premissas, prestam serviços e levam o acesso ao crédito e aos serviços sociais. O sistema financeiro privado, por não ter interesse, pouco atua em regiões extremas e de renda mais baixa.
Por muitos anos a oferta de crédito agrícola e de financiamento habitacional esteve restrita ao Banco do Brasil e à Caixa Econômica Federal - CAIXA, respectivamente.
Essa atual retomada do crescimento sustentado e a consolidação de um quadro macroeconômico de maior solidez frente às oscilações externas, lastreadas, por exemplo, na queda da relação dívida externa/exportações ou nos menores níveis do risco-país, estimulam a oferta de mais crédito, o que incentiva a continuidade do movimento de expansão, principalmente quando financia novos investimentos. Portanto, com o fortalecimento da presença institucional e a manutenção do bom desempenho macroeconômico, o crédito deverá continuar crescendo nos próximos anos, levando o Brasil a ter, no médio prazo, uma relação crédito/PIB próxima das economias mais desenvolvidas.

Nos últimos anos, os bancos públicos federais iniciaram um esforço de inclusão bancária das parcelas de menor renda da população e, por outro lado, ofereceram de forma mais ampla o crédito com desconto em folha de pagamento, modalidade de crédito que apresenta um spread significativamente inferior e, portanto, uma menor taxa de juros paga pelo tomador, comparativamente às outras linhas de crédito oferecidas.
Enquanto isso, alguns grandes bancos privados impõem restrições ao crédito consignado para os seus clientes com a justificativa de evitar a redução do spread médio de suas operações.

Quanto ao financiamento de longo prazo na economia brasileira, ainda permanece quase que restrita ao ofertado pelos bancos públicos.
No fornecimento de crédito de longo prazo para a realização de investimentos industriais ou comerciais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES é praticamente exclusivo; no financiamento imobiliário destaca-se a presença da CAIXA e, apenas recentemente, passou a ter a companhia de bancos privados, mesmo ainda detendo mais de 60% deste mercado, muito disso em função das melhores condições de taxas de juros e prazos na avaliação e aprovação das demandas que recebe.
O compromisso dos Bancos Públicos

Os bancos estatais, nos últimos anos, passaram a manter um compromisso público, dado o reflexo de sua atuação, vinculado aos objetivos maiores de crescimento econômico e distribuição de renda, em meio à sua maior eficiência e competitividade.
O futuro dos bancos públicos, vez ou outra, é posto em questão por aqueles que apontam distorções da sua presença na economia nacional, além de estarem, freqüentemente, submetidos às análises criticas daqueles que desejam o seu fim. Muitos omitem o fato de, em função dos crescentes lucros auferidos, que estes resultados são repassados ao Tesouro Nacional e garantirão ao Governo Federal o cumprimento das obrigações e cronogramas de investimento, custeio, pagamentos de programas de transferência de renda, juros etc. Ou seja, parte dos lucros alcançados pelos bancos públicos volta para a sociedade.

Nas atuais condições de concorrência bancária e de restrições fiscais do governo federal, um banco público precisa ser eficiente e competitivo, e assim obter ganhos com as suas operações para ser capaz de investir em tecnologia, expansão física e melhoria de produtos e serviços. (Sobre concorrência bancária falaremos em outro "post", em breve)

Um banco pode ser público e ter compromisso social e obrigações com as políticas de governo e, ao mesmo tempo, ser eficiente e competitivo. A preservação do caráter público e do compromisso social exigirá - no próximo período – uma maior articulação e coordenação da ação das instituições financeiras federais e a contínua elevação da sua eficiência e competitividade, seja nas suas ações estritamente sociais, seja naquelas tipicamente relacionadas à atividade bancária. Caso contrário, os interesses privatistas – sempre à espreita, mesmo quando aparentemente adormecidos – terão maiores oportunidades de retomar sua voz.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O Boom das Commodities e a proposta tarifária de Bresser

Nos últimos anos a alta do preço das commodities vem sendo um dos fatores mais importantes da economia global, alavancados, principalmente, pelo forte crescimento do consumo nos países Asiáticos, que além de apresentarem uma população excessivamente grande, logram altas taxas de crescimento econômico.

O Brasil, por sua vez, é um dos países beneficiados por esta conjuntura. A fartura de terras e de recursos naturais possibilita à economia brasileira uma grande vantagem comparativa nesse mercado, favorecendo a elevação do grau de especialização da economia e de competividade das exportações deste segmento, revertidos em impactos positivos quanto ao crescimento econômico e saldo da balança comercial.

Com o aumento das exportações de commodities e, conseqüentemente, forte entrada de moeda estrangeira no mercado nacional, a moeda brasileira tende a seguir a tendência de valorização cambial. Isto, por sua vez, torna-se prejudicial, principalmente, para o setor industrial, especialmente o intensivo em mão de obra, que vêem na valorização cambial uma barreira para continuidade de suas vendas externas, podendo com isso acarretar em redução de suas atividades produtivas e gerando, consequentemente, desemprego.

Segundo o Economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, uma alternativa para conter a continuidade da valorização cambial e possivelmente aliviar a situação da indústria, seria a taxação das exportações de commodities. Essa proposta atuaria de duas maneiras: com o tributo, o governo teria um aumento da poupança doméstica o que permitiria a compra de reservas, reduzindo o volume de moeda estrangeira circulando no mercado; o segundo seria a redução das exportações das commodities por conta da tributação. Esses dois aspectos favoreceriam a desvalorização cambial, possibilitando um aumento da competitividade da indústria.

O grande problema dessa proposta é que a economia brasileira já possui uma carga tributária elevadíssima e um imposto a mais não seria visto como fator positivo. Além disso, o crescimento das exportações não está vinculado somente às exportações de commodities. Graças aos investimentos efetuados ao longo dos últimos 10 anos, visando o aumento da competitividade brasileira e desvinculação da dependência financeira, o Brasil atualmente possui uma gama diversificada de produtos exportáveis que, conjuntamente, favorecem para o resultado superavitário da balança comercial.

Desta forma, o impacto sobre o câmbio não seria de todo eficaz, uma vez que não há uma hegemonia na pauta e que somente um imposto com uma complexa e diferenciada estrutura de alíquotas sobre os exportáveis poderia causar efeitos sobre o câmbio, mas sem deixar de trazer prejuízos a produtividade e ao emprego.

Texto baseado em artigo da Revista Conjuntura Econômica – Setembro 2007

Jovens Economistas

Contas Públicas: seja cidadão e fiscalize

Já faz tempo que não me deixo levar pelas análises sensacionalistas e apocalípticas de alguns “jornalões tradicionais” ou pelos especialistas de última hora que nos enchem os tímpanos com os escândalos do dia, pregando que o mundo acabará imediatamente após a edição do Jornal da Globo.

Fala-se muito dos gastos públicos, da (ir)responsabilidade fiscal e que tudo está errado. Fazem-nos pensar que o Brasil despenca numa ladeira sem fim.
Entendo o ponto de vista deles, entretanto, diria que existem outras formas de conhecer a execução dos gastos federais sem as “tintas” dos editores de economia desses órgãos da imprensa.

Calma, nem tudo está perdido, pelo menos você poderá verificar a situação das coisas e entender se essas análises são procedentes.

Desde novembro de 2004, existe na internet o Portal da Transparência, criado pela Controladoria-Geral da União, que se constitui num canal pelo qual você poderá acompanhar a execução financeira dos programas de governo, em âmbito federal. Lá estão disponíveis as informações sobre os recursos públicos federais destinados pelo Governo a estados, municípios e Distrito Federal e diretamente ao cidadão, bem como os dados sobre os gastos do próprio Governo Federal em compras ou contratação de obras e serviços, por exemplo.

Caso queira saber quanto o seu governador (no meu caso o José Serra) recebeu para gastos com Educação ou Saúde ou qual o montante de recursos que deveria ser gasto em Transporte Público, você encontra lá.

Depois de uma olhadinha, você poderá cobrar, com toda a segurança, o seu “Deputado do Coração”, perguntando a ele o que houve com aquele investimento necessário, prometido e não realizado, ainda! Ou, até mesmo, eventuais superfaturamentos em gastos específicos.

Enfim, meus caros, acessem
http://www.portaltransparencia.gov.br/ e tirem suas conclusões. Caso precisem de ajuda, consultem um economista!

Amplexos,
Jovem Economista